Foto: Kid Junior/DN |
Pelo menos 100 pessoas foram vítimas de acidentes envolvendo a Enel desde a chegada da empresa no Ceará, em 1998. Ao todo, 94 morreram, enquanto outras seis convivem com sequelas até hoje.
Os casos ocorreram ao longo de quase três décadas, sendo o último contabilizado em 2023, uma média de três acidentes por anos. As ocorrências vão desde choque por contato com cabos rompidos em via pública a queda de postes. Há, ainda, caso de óbitos em acidentes envolvendo veículos da empresa. Do total de mortes, 62 são de prestadores de serviço da própria distribuidora, sejam eles terceirizados ou próprios. Os demais são populares.
Os dados de populares são do Escritório de Advocacia Gaspar Bandeira Advogados, que identificou 35 processos com 38 vítimas de acidentes envolvendo a rede elétrica da empresa no Estado. Seis delas não morreram, mas ficaram com sequelas. Os casos foram encontrados durante pesquisa na base da jurisprudência do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), ao buscar pelos termos "choque", "Enel", "morte", para subsidiar processos movidos pelo escritório. Apenas casos com mortos ou feridos foram considerados, todos de populares sem qualquer vínculo com a empresa.
Já o levantamento de mortes de prestadores de serviços da Enel é do Sindicato dos Eletricitários do Estado do Ceará (Sindieletro). Ao todo, o Sindieletro contabiliza 67 vítimas fatais durante o expediente de trabalho, mas a reportagem desconsiderou casos de suicídio e afogamento, totalizando 62 falecimentos. Os dois levantamentos foram apresentados à CPI da Enel, instalada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). O colegiado investiga a distribuidora de energia numa tentativa de rever a concessão da empresa, que está prevista para durar até 2028.
Por meio de nota, a Enel disse que não comenta processos judiciais e que a segurança da população e dos colaboradores "é o principal valor da companhia e que segue protocolos rigorosos de segurança com a rede elétrica".
"A distribuidora esclarece que a maior parte dos acidentes elétricos registrados pela empresa em sua área de concessão é provocada pelo contato acidental com a rede elétrica envolvendo construções irregulares", acrescenta a nota.
Por isso, a empresa realiza campanhas e outras ações para orientar a população.
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