Foto: Funceme |
O estado do Ceará registrou um aporte de 9,49 bilhões de metros cúbicos na quadra chuvosa de 2024, equivalente ao melhor resultado desde o ano de 2009, há 15 anos. Conforme divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia de Recursos Hídricos (Funceme), foi registrado um volume pluviométrico de 764 milímetros, 25,4% acima da média.
Com isso, o Ceará conta atualmente com uma reserva hídrica com volume de 10,54 bilhões de metros cúbicos, nos 157 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Nesse quesito, trata-se do maior número desde 2012.
“Neste ano, a gente teve essa condição totalmente atípica, excepcional e anômala, que nunca tinha sido observada no Atlântico e isso acabou influenciando na ocorrência das chuvas no estado”, reforça Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme.
Em janeiro, a Funceme havia apresentado maior chance de precipitações acima da normalidade. Mesmo considerando que o prognóstico indica todas as possibilidades, havia maior expectativa para acumulados menores, principalmente devido à força do El Niño, que historicamente costuma interferir relativamente nas chuvas no Ceará.
“E por que as previsões não refletiram isso? É importante destacar que elas são desenvolvidas a partir do conhecimento prévio de os modelos numéricos têm sobre clima, atmosfera, oceanos e como isto afeta as condições futuras, porém, esse padrão observado em 2024 não tinha sido visto ainda (águas do Atlântico superaquecidas). Os modelos não estavam prontos para perceber como isso poderia suplantar o El Niño que estava presente. Todos os modelos, em sua unanimidade, deram indicativos de chuvas abaixo da média’, explica Sakamoto.
As chuvas ficaram concentradas principalmente na Regiao Metropolitana de Fortaleza (RMF), mas também foi distribuída de forma irregular nas outras regiões do estado.
As regiões do Acaraú, Coreaú, Litoral, Metropolitana, Serra da Ibiapaba, Salgado e Baixo Jaguaribe estão em situação “muito confortável”, com volumes acima de 70%, com destaque para o Baixo Jaguaribe e Litoral, que registram 100% de seu armazenamento.
A região do Curu registrou recuperação. No início deste ano, antes do início da quadra chuvosa, a bacia estava com 26% da capacidade total. Hoje se encontra com 66% de reservas hídricas acumuladas, em situação considerada confortável, segundo a Fundação.
Por outro lado, em quatro municípios cearenses as chuvas escassaz provocaram situação de alerta, podendo haver falta de água ou restrição. São os municípios de Ibicuitinga, Milhã, Quiterianópolis e Itatira. Com isso, a gestão estadual cogita entrar com uma operação especial para amparar essas cidades.
Mesmo com a boa perspectiva, é necessário prudência, visto que o Ceará fica em uma região semiárida. “Nem sempre chuva resulta em aportes. As chuvas, mesmo na média ou até acima da média, carecem de constância e precisam cair no lugar certo para gerar escoamento e, consequentemente, aportes”, diz Yuri Castro, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Na quadra chuvosa, na capital cearense, o destaque principal foi o mês de fevereiro. Fortaleza registrou média de 484,1 milímetros de chuva no mês de fevereiro de 2024, conforme dados da Funceme, equivalente ao maior número para o período desde o início da série histórica, em 1974 – ou seja, foi o fevereiro mais chuvoso dos últimos 50 anos em Fortaleza.
Os anos que mais se aproximaram dessa marca, na série histórica, foram 1985 (quando a precipitação registrada foi de 463,4 mm) e o ano de 1980 (quando foi registrada média de chuvas de 457,3 mm). No século atual, o maior registro em fevereiro havia sido feito em 2011, quando foram 366,8 mm.
Com informações do Portal GCMais
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